Por: Maria Graciana - Eros & Psique - Publicado em: 09/12/2024

Esta semana em um atendimento, obtive este interessante relato de uma mãe que eu gostaria de aqui compartilhar:

“Me chamo Luciane V. sou mãe da Manuela V.S. de 16 anos. Manuela gosta de ser chamada de Manu. Mesmo muito pequena, lá pelo seus 2 anos de idade, Manu sempre demonstrou não gostar de roupas de meninas. Eu como mãe logo percebi e deixava ela vestir com o que ela se sentia mais confortável."

"Dançar sempre foi sua paixão. Aos 12 anos, já na adolescência, Manu se tornou uma menina mais reservada, já não dançava perto de outras pessoas, somente no quarto dela, sozinha, e com o passar dos anos, foi ficando mais distante e fechada. Foi aí que eu e o pai dela, apesar de todo amor e carinho que oferecíamos a ela, decidimos que ela precisava da ajuda de um profissional e buscamos a terapia. A aceitação por parte dela foi muito boa."

"Hoje já faz praticamente 2 anos que ela está na terapia. Se sentindo mais animada, Manu entrou em uma escola de dança e passou a se encontrar mais consigo mesma. É muito bom ver a forma que ela enxerga a terapia na vida dela e o quanto ela se desenvolveu. Cada vez mais fica claro e aceitável para mim ver o quanto ela entende a importância da decisão de cada pessoa a assumir sua orientação sexualidade e não pensar em preconceito ou opiniões alheias. Sua escolha sexual será sempre respeitada e apoiada por mim e pelo pai também. E isso faz com que ela se sinta em bem consigo mesma. Sei que ela ainda está se descobrindo e desenvolvendo, mas só o fato dela ter compreendido junto com a terapia que ela pode ser quem ela quiser, isso me deixa muito feliz e menos preocupada.…”

A aceitação corporal é reconhecer, respeitar e valorizar o próprio corpo como ele é e fugir dos padrões de beleza impostos pela sociedade. Colocando em ênfase o que realmente nos faz bem, como a autoestima, a autoconfiança e o bem-estar físico e emocional. A escolha de vestuário, por exemplo,  não define a orientação sexual de ninguém. A orientação sexual é à forma como uma pessoa sente atração emocional, romântica ou sexual por outras pessoas. Essa atração pode se manifestar em diferentes direções e varia de acordo com a experiência e a identidade de cada indivíduo. Por mais que queiramos estar sempre com esses fatores presentes e resolvidos, os desafios do cotidiano podem ser difíceis e não saber lidar com eles podem gerar transtornos graves em nossa vida.

Sou pedagoga, mãe solo de duas meninas. Me tornei uma terapeuta sexual com foco em casais, mas também atendo individual. Nesse caminho a uma nova profissão com relatos de pacientes com traumas sexuais sofridos na infância e/ou na adolescência e também na fase adulta e o quanto isso afetou sexualmente e emocionalmente anos e anos em suas vidas, pude entender ainda mais o quanto falar de sexualidade é muito importante. Questões não resolvidas por vergonha ou medo de ser julgado prejudicam na relação social e individual. Adultos, não tenham receios de buscar um profissional se quiserem falar sobre sexualidade, seja dentro de um relacionamento ou fora dele, afinal sexo é muito bom, e fica muito melhor se os sentimentos estiverem em dia!